As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 39: XXXIX Pág. 291 / 332

.. isto é por conversar e não passa daqui. Aquela rapariga vai mal; ainda hoje mo disse o padre José; tirando lá a sua missa ao domingo, já ninguém a vê mais na igreja. Olhe a Sr.ª Teresa que, ali onde a vê, não quis pertencer à confraria do Sagrado Coração de Maria! Já viram? Mas, como disse o Sr. padre José, e é assim, a culpa não é dela.

- O nosso Reitor é quem a aconselha - insinuou João da Esquina.

- Julgo que sim, Sr. João, e... Enfim cada um sabe de si, e Deus de todos, mas a falar a verdade... - isto não é agora por dizer mal do Sr. Reitor, que é muito boa pessoa, assim não fosse aquela zanga que ele tem ao padre José e à confraria; mas que ele não as traz bem guiadas, isso não traz.

- Mas vamos a saber - disse, interrompendo-a, a Sr.ª Teresa, e tomando um tom de íntima familiaridade, que provou admiravelmente em soltar a língua à beata - mas se o caso era com a Mar- 274 garida só, como é então que o Pedro quis matar o irmão? Que tinha o Pedro com isso?

- Pelos modos - disse o jornaleiro que estivera calado - ele julgou ao princípio que era a Clara. Faz-me lembrar quando, há-de fazer três anos...

- Nada, não, senhor, não foi isso - emendou a beata. - O que me disseram foi que a Margarida quis lançar as culpas à Clara, e que foi então que o Pedro espetou a navalha no irmão.

- Então ele espetou-lhe alguma navalha? - perguntou a menina Francisca.

- Pois não espetou? E diz que, por pouco, lhe chegava ao coração...

- Santo nome de Jesus! Isso é crime de degredo, pelo menos.

E, dizendo isto, a Sr.ª Teresa parecia satisfeita por o escândalo ir assumindo maiores proporções.

O jornaleiro notou do lado:

- Ó ti’Zefa, isso é que me não parece verdade. Eu julgo que ele nem o feriu.

- Pois eu não vi, Sr.





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