Margarida sorriu.
- E quando, para o futuro, vier alguém tomar parte contigo nestes bens, pensará assim como tu?
- Alguém!... como alguém?
- Sim; julgo que não estás para freira, Clarinha.
- Ai, e pensas nisso já? Pois bem, se assim for, hei-de escolher quem seja digno de ser teu amigo, Guida, ou então...
- Está bom, está bom. Dá cá um beijo e não falemos mais nisso. Farei tudo como dizes.
E a tristeza de Margarida não terminava ainda.
No entretanto o reitor ia-se afeiçoando todos os dias mais às suas pupilas.
À mais velha dizia:
- Toma-me conta de Clara. É rapariga e amiga de brincar.
Faze com que te confie todos os seus segredos. Serve-te do poder que tens sobre ela para a guiares, minha filha. Dá-lhe parte do teu juízo.
E, por outro lado, dizia a Clara:
- Olha lá, rapariga. Tu anda-me com juizinho; ouviste? É bom rir e estar alegre, mas em termos, em termos. Segue os conselhos de tua irmã e faze por imitá-la.
E, consigo só, dizia, ao lembrarem-lhe as duas:
- Excelentes corações! Deus lhes dê na terra a felicidade, que eu lhes desejo e de que são dignas. A Clarita bem está... Tem dos bens da fortuna, não lhe faltarão arrumações; mas a pobre Margarida...
Se ao menos, por felicidade, tiver um cunhado que seja homem de bem!...