A Ilha Misteriosa - Cap. 18: CAPÍTULO VII Pág. 111 / 186

Nas buscas, tomariam parte todos os passageiros do Duncan, mais o capitão Mangles e alguns marinheiros. Ayrton foi admitido no grupo como guia da expedição, enquanto o imediato Tom Austin recebia a incumbência de conduzir o Duncan até à cidade portuária de Melbourne, onde ficaria a aguardar ordens. No dia 23 de Dezembro, o grupo pôs-se a caminho.

"Cabe agora revelar que Ayrton era um homem sem escrúpulos, um traidor! Tinha sido, de facto, contramestre do Britannia, mas na sequência de uma tentativa de revolta a bordo, por ele empreendida com a finalidade de tomar conta do navio, o capitão Grant desembarcara-o, a 8 de Abril de 1852, nas costas da Austrália. A partir desse dia, Ayrton nada mais soubera do seu antigo navio, muito menos que tinha naufragado! O miserável passara, então, a usar o nome de Ben Joyce e tornara-se o chefe de um bando de criminosos evadidos. Fugido a um ajuste de contas, resolvera refugiar-se por uns tempos naquela fazenda dos irlandeses, sendo graças a este acaso que ouviu o relato do fidalgo escocês. Ayrton arquitectou imediatamente um plano criminoso para se apoderar do Duncan, visto que o seu maior desejo era voltar ao mar e dedicar-se à pirataria.

"Assim, conduziria Glenarvan e os companheiros para uma região suficientemente inóspita e desprovida de recursos e ele, na primeira oportunidade, fugiria para Melbourne onde, com a ajuda dos cúmplices oportunamente avisados, trataria de tomar de assalto o iate. Se bem planeou, melhor o fez! Chegados ao porto, os bandidos, depois de ludibriar sem dificuldade de maior o imediato Austin e de expulsar de bordo a reduzida tripulação, ganharam o alto mar. Em fins de Fevereiro, andava o Duncan nas suas actividades criminosas ao largo da costa leste da Nova Zelândia, quando foi abordado por um brigue tão bem equipado e armado, que o bando, pouco numeroso e não dispondo de canhões a bordo, não teve outra saída que não render-se.





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