A Ilha Misteriosa - Cap. 21: CAPÍTULO III Pág. 133 / 186

Eram perto das cinco da tarde e o dia havia sido muito duro para todos. Apesar disso, e depois de terem jantado com apetite, não resistiram à curiosidade e foram examinar a carga que tinham salvo. Calcule-se a satisfação da pequena colónia, quando descobriu grande quantidade de roupas e calçado! Era, de facto, material de primeira necessidade.

- Agora é que estamos ricos! - exclamou alegremente o marinheiro.

A cada momento crescia o entusiasmo, conforme se abriam barricas de tabaco, caixas de armas de fogo, caixotes de algodão, ferramentas, utensílios de lavoura... Ah! como tudo aquilo teria sido útil, dois anos atrás, quando foram obrigados a improvisar todo o equipamento a partir do nada! Mas, enfim, mesmo agora, nada seria desaproveitado.

O dia acabou, sem que houvesse tempo de arrumar tudo na Casa de Granito. A vigilância não podia esmorecer, tanto mais que andavam seis piratas do Speedy à solta pela ilha, agora por certo ainda mais sedentos de vingança.

Os três dias que se seguiram, 19, 20 e 21 de Outubro, foram destinados à recolha de tudo o que houvesse de valor ou utilidade no navio afundado. Na baixa-mar, esvaziavam o porão, e na praia-mar transportavam os salvados para terra. Levaram tudo: os revestimentos de cobre, as correntes, as âncoras, os lastros de ferro e até os canhões, que conseguiram pôr a flutuar amarrados a barricas vazias. Pencroff, sempre cheio de ideias entusiastas, falava já em montar os quatro canhões em bateria, a dominar o canal e a foz do rio... Desse modo, não haveria esquadra "por mais poderosa que fosse", como ele dizia, que se aventurasse nas águas da ilha Lincoln! Quando do brigue nada mais restava do que a carcaça inútil, veio o mau tempo que acabou por a destruir. As





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