A Ilha Misteriosa - Cap. 27: CAPÍTULO IX Pág. 173 / 186

Este prosseguiu:

- Mal eu solte o último suspiro, peguem no cofre e saiam deste salão, fechando a porta. Depois, tranquem a escotilha da torreta com as respectivas cavilhas de ferro; finalmente, abram as duas válvulas que se encontram à ré, na linha de flutuação.

Por aí vai entrar a água que inundará os depósitos do submarino...

O Nautilus afundar-se-á no abismo, porque este lago tem ligação ao mar. É a sepultura que escolhi, meus amigos, e que guardará para sempre segredos que ninguém deve conhecer! Prometem que farão como vos peço?

- Prometemos! - exclamaram os consternados colonos, em uníssono.

- Senhores - volveu o capitão -, vós sois homens corajosos, bons e honestos, que se dedicaram sem reservas a uma causa... a uma obra comum. Tive oportunidade de os observar muitas vezes e só Deus sabe como vos aprecio e estimo... Que Ele vos abençoe a todos! Agora, por favor, preciso de falar uns momentos a sós com o engenheiro Cyrus.

Os colonos retiraram-se para a biblioteca. Porém, a espera não foi longa; ao cabo de minutos, o engenheiro reunia-se-lhes, evidenciando uma angústia indisfarçável... Que lhe teria dito o capitão? Ninguém ousou perguntar. Voltaram ao salão e rodearam o senhor do Nautilus, que agonizava... As horas iam passando lentamente, até que, às primeiras horas da madrugada, expirou.

Cyrus Smith inclinou-se e fechou os olhos daquele que fora o príncipe Dakkar e, depois, o capitão Nemo. Harbert e Pencroff choravam sem disfarce; Ayrton limpava uma lágrima teimosa e Nab, ao lado de Spilett, parecia uma estátua, prostrado de joelhos... A voz de Cyrus quebrou o silêncio:

- Que Deus tenha a sua alma! Rezemos por aquele que acabámos de perder.

Depois da breve oração, os colonos deram cumprimento às últimas vontades de Nemo; saíram do salão com o cofre, fecharam a escotilha da plataforma e abriram as válvulas da ré.





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