A Rosa do Adro - Cap. 15: CAPÍTULO 16 Pág. 158 / 202

Oh! meu senhor, por quem é, não se recuse a esta obra de caridade e não queira que a minha mulher morra à míngua de socorros.

- Pois está bem... Irei vê-la. O tal meu colega Resende é bem falto de humanidade.

- Ah!. Deus lhe agradecerá esta boa ação, e, visto que o senhor vai ver a doente, pedia-lhe se me deixava ir para junto dela, porque a pobre ficou só e pode necessitar de alguma coisa...

- Pois vá. vá; mas primeiro diga-me aonde é que hei de dirigir-me.

- Não tem nada que saber: o senhor toma o caminho da Azenha de Baixo; chegando aí, deita à esquerda, desce a encosta, atravessa o pinhal, e no fim dele encontrará algumas pequenas casas; eu moro na segunda a contar da esquerda.

- Bem, já sei. Agora pode ir, que eu daqui a pouco lá estarei.

- Ora Deus o abençoe por este acto de tanta caridade.

O velho retirou-se e daí a pouco desapareceu na sombra projetada pelo arvoredo.

Fernando dirigiu-se a um dos criados, exclamando:

- Ó Francisco, apronta-me já a égua ruça, enquanto eu me vou vestir convenientemente.

- Então o Sr. Fernando sempre vai?

- Pois não hei de ir, homem?

- Com esta noite e por esses caminhos abaixo! Safa'.... Olha que esfrega'. Sempre lhe digo que escolheu bem mau modo de vida.

Fernando subiu ao seu quarto, vestiu alguma roupa, cobriu-se com uma capa de oleado, e desceu ao pátio da casa, onde já o esperava a égua que mandara aparelhar. Ao montar, um dos rapazes exclamou:

- Quer que o acompanhe, Sr. Fernando?

- Não sei para quê...

- A noite está bastante feia, os caminhos são maus, e pode perder-se antes de chegar ao seu destino; além disso, sempre é bom a gente não andar só em noites como esta...

- Tenho pouco medo, meu amigo; enquanto aos caminhos, conheço-os tão bem como tu ou outro qualquer, e pelo resto pouco receio.





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