- Pois está bem... Irei vê-la. O tal meu colega Resende é bem falto de humanidade.
- Ah!. Deus lhe agradecerá esta boa ação, e, visto que o senhor vai ver a doente, pedia-lhe se me deixava ir para junto dela, porque a pobre ficou só e pode necessitar de alguma coisa...
- Pois vá. vá; mas primeiro diga-me aonde é que hei de dirigir-me.
- Não tem nada que saber: o senhor toma o caminho da Azenha de Baixo; chegando aí, deita à esquerda, desce a encosta, atravessa o pinhal, e no fim dele encontrará algumas pequenas casas; eu moro na segunda a contar da esquerda.
- Bem, já sei. Agora pode ir, que eu daqui a pouco lá estarei.
- Ora Deus o abençoe por este acto de tanta caridade.
O velho retirou-se e daí a pouco desapareceu na sombra projetada pelo arvoredo.
Fernando dirigiu-se a um dos criados, exclamando:
- Ó Francisco, apronta-me já a égua ruça, enquanto eu me vou vestir convenientemente.
- Então o Sr. Fernando sempre vai?
- Pois não hei de ir, homem?
- Com esta noite e por esses caminhos abaixo! Safa'.... Olha que esfrega'. Sempre lhe digo que escolheu bem mau modo de vida.
Fernando subiu ao seu quarto, vestiu alguma roupa, cobriu-se com uma capa de oleado, e desceu ao pátio da casa, onde já o esperava a égua que mandara aparelhar. Ao montar, um dos rapazes exclamou:
- Quer que o acompanhe, Sr. Fernando?
- Não sei para quê...
- A noite está bastante feia, os caminhos são maus, e pode perder-se antes de chegar ao seu destino; além disso, sempre é bom a gente não andar só em noites como esta...
- Tenho pouco medo, meu amigo; enquanto aos caminhos, conheço-os tão bem como tu ou outro qualquer, e pelo resto pouco receio.