Dir-se-ia, ao vê-la assim, a visão de um conto de fadas, ou uma dessas virgens meigas que a fantasia criadora dos poetas costuma desenhar na tela dos seus devaneios.
Era, pois, justa a exclamação de espanto que saiu de todas as bocas à aparição de Rosa, e Fernando mesmo não pôde deixar de dizer de si para consigo:
- Como ainda é bela!... Mas em breve, pobre anjo, deixarás esses trajos de noiva para vestires o luto pesado das viúvas!...
A filha da baronesa conduziu para próximo do leito a futura esposa de Fernando, e este, à sua aproximação, e por um desses movimentos de enternecida delicadeza, apoderou-se de uma das suas mãos, e imprimiu nela um ardente beijo.
Rosa parecia subjugada por aquelas vistas que incessantemente se fitavam nela, e nem sequer ousava levantar os olhos orvalhados de lágrimas para as pessoas que ali permaneciam.
Sentia-se mal com aqueles ricos atavios, e por mais de uma vez a cor lhe subiu ao rosto ao atentar naquelas sedas brancas, que ela não imaginava se casassem tão bem com o dourado dos seus cabelos e com a alvura da sua cútis.
Deu-se, enfim, princípio à cerimónia, servindo de padrinhos a este consórcio a baronesa e o facultativo de Fernando.
Passou-se tudo no meio do mais religioso silêncio, apenas interrompido pelas palavras santas do ministro de Deus; e, ao terminar a cerimónia, os dois esposos receberam, como é costume, as felicitações, entremisturadas de uma vaga tristeza que nenhum dos assistentes pudera reprimir.
Fernando mostrou querer ficar só com Rosa por alguns momentos, e em seguida foram satisfeitos os seus desejos, saindo todos do quarto.