Eram perto das dez horas da manhã, e Rosa, recostada sobre a cadeira, com os olhos meio amortecidos, parecia completamente estranha a tudo o que se passava em derredor dela.
De repente, porém, as faces tingiram-se-lhe de uma estranha vermelhidão, a vista recuperou algum brilho, ergueu impetuosamente o corpo, e, encarando a filha da baronesa, com um sorriso de alegria, exclamou:
- Deolinda, minha avó, não sei o que neste momento se passa em mim, mas parece-me que já não estou doente... Sinto um tal vigor...
As duas mulheres, assustadas por uma tão repentina mudança, levantaram-se, e, como receando tais melhoras, tentaram sossegá-la, exclamando:
Descansa, Rosa, que tu hás de melhorar, mas precisas de sossego; qualquer excesso neste momento podia ser fatal.
- Ah! não, não; sinto-me reviver e estou certíssima de que terei forças para...
- Para quê? - atalhou a filha da baronesa, como adivinhando-lhe as intenções.
- Para ir visitar o meu Fernando, que decerto há de ter estranhado a minha ausência nestes dias.
- Enlouqueceste? - respondeu a avó de Rosa. - Pois tu querias agora levantar-te com essa febre?... Não te lembres de tal.
- Como estão enganadas comigo!... Pois julgam que eu me levantaria daqui se não me sentisse com forças bastantes para ir até ao adro?... Vamos, vamos depressa... ajudem-me a vestir... talvez seja o último adeus que eu vá dar àqueles lugares.
E, dizendo isto, Rosa levantara-se do leito e tentava descer dele.