A Rosa do Adro - Cap. 11: CAPÍTULO 11 Pág. 95 / 202

Depois disso ver-nos-emos, e continuarão as nossas relações como até aqui. Estás satisfeita?

- Estou; agora um pedido meu: é que durante a sua ausência me dê uma prova de que, longe daqui, não se esquecerá desta pobre rapariga que tanto lhe quer.

- Pede o que desejares; vejamos...

- Queria que o Sr. Fernando, de vez em quando, roubasse cinco minutos aos estudos para me escrever duas linhas de amor e de esperança.

- Escrever-te?... Pois sim, escrever-te-ei uma vez por semana. Mas como hás de conseguir que as minhas cartas te cheguem às mãos?

- Não lhe dê isso cuidado. Se for necessário, irei eu própria buscá-las ao correio. É verdade que daqui lá dista uma boa légua, mas Isso não tem dúvida.

Poderei também pedir ao jovem do abade, pois vai lá todos os dias, que mas traga. Enfim, de qualquer forma conseguirei recebê-las; agora peço-lhe que me deixe também a sua morada, para lhe responder.

- Rua Direita.

- Muito bem, rua Direita... Não me esquecerei.

A conversa continuou ainda por algum tempo, até que chegou a hora da despedida.

Não nos deteremos em descrever uma dessas cenas comoventes, sublimes de dor em que as lágrimas falam mais do que a voz e os suspiros mais que quantas frases podem exprimir os receios, as dúvidas e o pesar de um apartamento de dois entes acostumados a ouvir-se todos os dias, e a ver-se a todos os instantes.

Rosa, com os braços em derredor do pescoço de Fernando, imprimia-lhe sucessivos beijos nas faces e murmurava-lhe ao coração frases de amor e saudade. Dir-se-ia que a pobre rapariga parecia prever naquela despedida o último momento de felicidade para ela e que com a partida de Fernando se lhe ia a derradeira esperança e o ultimo alento de vida.

Fernando, pela sua parte, também não pôde ocultar naquele instante a sua comoção e por mais de uma vez sentiu as lágrimas humedecerem-lhe as pálpebras.





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