O Ingénuo - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 26 / 91

O Ingénuo chega à casa de sua amada e fica deveras furioso

Logo que chegou, perguntara o Ingénuo a uma criada velha onde era o quarto da sua querida, e, sem perda de tempo, empurrara fortemente a porta mal fechada, correndo para o leito. Acordando-se em sobressalto, exclamara a senhorita:

- Como?! És tu? Pára, pára! Que é que estás a fazer?

- Estou casando contigo - respondera ele.

E com efeito a desposaria se ela não se houvesse debatido com toda a honestidade de uma pessoa que recebeu educação. O Ingénuo não queria saber de brincadeira; achava todas aquelas gatimónias muito fora de propósito:

- Não era assim que fazia a senhorita Abacaba, a minha primeira namorada; não tens nenhuma seriedade; prometeste-me casamento e não queres casar: estás infringindo as leis mais elementares da honra; hei de ensinar-te a manteres a tua palavra, e te porei no caminho da virtude.

O Ingénuo possuía uma virtude varonil e intrépida, digna do seu padroeiro Hércules, cujo nome recebera na pia; ia exercê-la em toda a sua extensão quando, aos lancinantes gritos da senhorita, mais discretamente virtuosa, acudiu o honrado padre de St. Yves, com a sua governante, um velho criado devoto e um padre da paróquia.

- Meu Deus, meu caro vizinho - lhe disse o abade, - que vem a ser isso?

- É o meu dever - replicou o jovem. - Estou simplesmente cumprindo a minha promessa, que é sagrada.

A senhorita de St. Yves recompôs-se, enrubescendo.





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