Explicaram-lhe o que era o Papa, e o Ingénuo ficou ainda mais espantado do que antes:
- Não há uma palavra de tudo isso no seu livro, meu estimado tio; tenho viajado, conheço o mar; estamos na costa do Oceano; e eu vou deixar a senhorita de St. Yves para ir pedir permissão de amá-la a um homem que mora além do Mediterrâneo, a quatrocentas léguas daqui, e cuja língua desconheço?! Palavra, isso é de um ridículo incompreensível. Vou é falar imediatamente com o padre de St. Yves, que mora apenas a uma légua, e garanto-lhe que desposarei hoje mesmo aquela a quem amo.
Estava ainda a falar quando entrou o bailio, o qual, segundo o seu costume, lhe perguntou aonde ia.
- Vou casar-me - disse o Ingénuo, a correr.
E dali a um quarto de hora se achava ele em casa da sua bela e querida bretã, que ainda estava dormindo.
- Ah, meu irmão - dizia a senhorita de Kerkabon ao prior, - jamais farás um subdiácono do nosso sobrinho.
O bailio ficou descontentíssimo com tal viagem, pois pretendia casar o seu filho com a St. Yves; e esse filho era ainda mais tolo e insuportável que o pai.