O Ingénuo - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 55 / 91

- Mas - acrescentou ele, - será. que o seu sobrinho não tem a desgraça de ser huguenote?

- Certamente que não, Reverendo Padre.

- E não será jansenista?

- Posso assegurar a Vossa Reverendíssima que é cristão recente. Faz uns onze meses que o batizamos.

- Muito bem, muito bem, nós nos ocuparemos dele. E os seus honorários, senhor prior, são consideráveis?

- Oh, pouca coisa! E o meu sobrinho me sai muito caro.

- E há alguns jansenistas pela vizinhança? Tome cuidado, meu caro prior, eles são mais perigosos que os huguenotes e os ateus.

- Não há nenhum, Reverendo. Nem se sabe o que é jansenismo em Nossa Senhora da Montanha.

- Tanto melhor; pode ir, e esteja certo de que não há nada que eu não faça pelo senhor.

Despediu afetuosamente o prior e não pensou mais no caso.

Corria o tempo, e o prior e a boa irmã se desesperavam.

Entrementes, o maldito bailio apressava o casamento do palerma do filho com a bela St. Yves, que tinham feito sair expressamente do convento. Continuava a amar o seu afilhado tanto quanto detestava o marido que lhe ofereciam. A afronta de ter sido recolhida a um convento aumentava a sua paixão, que a ordem de desposar o filho do bailio elevava ao cúmulo. O pesar, a ternura e o horror lhe abalavam a alma, O amor, como se sabe, é muito mais engenhoso e ousado em uma donzela do que a amizade em um velho prior e uma tia passante dos quarenta e cinco. De resto, formara o espírito no convento, com os romances que lera às escondidas.





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