Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA

Página 137

- Uma libra! - disse o espantado guarda-portão.

- Espere você, que eu vou perguntar à Sr.ª Viscondessa.

- Um senhor que ia passando - explicou a mulher - foi que levantou a libra e ma veio dar, dizendo que era a esmola que a Sr.ª Viscondessa me atirara da janela.

A fidalga mandou dizer ao criado que não dera a libra, e que soubesse que história de libra era essa. Insistiu a mendiga nas explicações dadas, e retirou-se bem convencida da legítima posse da sua fortuna, deixando o deslindar do enredo a quem melhor competisse.

Era natural estimular-se a curiosidade da fidalga mal o porteiro lhe disse que um sujeito guardara os dez-réis e dera o soberano. Tinha sabor de romance uma coisa assim desusada e original nos fastos da caridade!

- Conheces o homem que apanhou os dez-réis? - perguntou a viscondessa da Gandarela ao criado.

- Conheço de vista, minha senhora. Eu ainda o vi levantar o dinheiro; mas quanto era não enxerguei.

- Seria pessoa das minhas relações?

- Nada, não, Sr.ª Viscondessa. É sujeito que eu nunca vi nesta casa, nem no tempo do Sr. Visconde que Deus haja. Ele anda mal arranjado de fato, e não me cheira a grande pessoa... Há mais de dois meses que ele passa por esta rua, duas vezes pelo menos.

- A que horas?

- Para o lado do convento passa todos os dias às onze, e para o Chiado aí pelas três, se vossa Excelência quiser, eu, assim que o lobrigar, mando recado à Sr.ª Viscondessa.

- Quero - terminou a viúva.

Ao mesmo tempo, Alexandre Pimentel dizia a D. Ricardina:

- Minha mãe, recebi esta manhã os trinta e seis mil réis de ordenado. Tenho aqui trinta e um mil e quinhentos, porque dei a cinco pobres uma libra. Era uma mulher com quatro filhos, a quem uma grande e rica fidalga deu dez-réis.

<< Página Anterior

pág. 137 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 137

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177