A Ilha Misteriosa - Cap. 7: CAPÍTULO VII Pág. 41 / 186

As primeiras coisas a serem fabricadas no forno a carvão resumiram-se, porém, aos mais vulgares recipientes e utensílios domésticos, moldados com argila misturada com cal e um pouco de quartzo. A cozinha das Chaminés ficaria equipada de potes, tigelas, pratos, jarros e outros objectos, tão preciosos como se da mais fina porcelana se tratasse! Convém referir que Pencroff, desejoso de experimentar a qualidade do barro, resolveu fabricar alguns cachimbos, bastante toscos aliás, mas que ele achou uma perfeição. E o tabaco? "Ora, o tabaco há-de aparecer como tudo o resto", pensava ele.

No caminho de volta às Chaminés, carregados com a louça recém-fabricada, o engenheiro fez outra descoberta muito conveniente: uma planta esponjosa do género das artemísias, que, depois de seca e impregnada de salitre, se torna bastante inflamável. Para grande satisfação do marinheiro, ficava, assim, assegurada a isca necessária para acender o fogo.

Dias depois, 17 de Abril, precisamente a segunda-feira a seguir ao Domingo de Páscoa, Pencroff perguntou ao jornalista, logo pela manhã:

- Senhor Spilett, o que é que vamos fazer hoje?

- O nosso engenheiro é quem decide - respondeu ele.

Ora ficou resolvido que naquele dia, depois de fabricantes de tijolos e de louça de barro, os companheiros seriam operários metalúrgicos! O engenheiro anotara a existência de jazidas de óxido de ferro e de pirite na região noroeste da ilha, e tinha esperanças de poder obter, do primeiro, ferro em estado puro.

- Então vamos trabalhar o minério de ferro, senhor Cyrus? - perguntou o marinheiro.

- É verdade, meu amigo! - foi a resposta do engenheiro.

- E, à conta disso, vamos começar por uma caçada às focas no ilhéu da Salvação.

- Caça às focas? - Pencroff voltou-se para Spilett, cheio de espanto.





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