A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 126 / 202

- Obedecer-te-ei cegamente.

- E podes fazê-lo, Rosa, porque o meu único desejo é a tua felicidade. Agora é mister que nos separemos: segue os meus conselhos e tem confiança em mim. Adeus.

- Adeus, António, e que a Providência recompense as bondades do teu coração generoso, já que eu não posso dar-te outro prémio senão a minha eterna gratidão.

Rosa voltou a casa ainda a tempo de a sua entrada não ser pressentida, e António seguiu pelos tortuosos caminhos que iam dar à habitação do seu amo.

Fiel aos seus prometimentos a desventurada jovem dispôs-se a seguir sem a mais leve hesitação os conselhos de António, convencida como estava de que o auxílio e a amizade que ele lhe oferecia eram tão leais como espontâneos. Escreveu, pois, as três cartas que ele designara, esforçando-se por empregar em todas elas as frases mais comoventes e enternecedoras.

Estas, porém, não obtiveram melhor resultado que as antecedentes, porque, ao fim de quinze dias, Fernando não dera uma única resposta.

- Então? - perguntou António, encontrando-se um dia com a sua protegida.

- Nem uma única palavra - respondeu esta tristemente.

- Escreveste-lhe já as três cartas que te designei?

- Escrevi.

- Muito bem - continuou o rapaz, depois de pensar alguns minutos. - Tu agora vais fazer o seguinte: escreverás ainda uma outra carta em que lhe exprobrarás o seu procedimento perguntando-lhe os motivos porque não te tem respondido, acrescentando que, na incerteza de ter ou não recebido as tuas cartas, te verás obrigada a mandar essa por mão própria, aproveitando-te para isso dos meus oferecimentos. Como decerto ele há de estranhar as nossas novas relações e pode, por isso, fazer um juízo menos justo dos sentimentos que atuam sobre nós, convence-o, sob qualquer forma, de que a amizade que nos liga hoje é livre de qualquer tenção interesseira ou amorosa.





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