A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 133 / 202

- Enganas-te, Rosa: tu não hás de morrer; quero que vivas e que tenhas esperanças no futuro, já que o destino presentemente nos separa.

- Esperar?! Pois que posso eu esperar do futuro? Acaso tentará ressalvar o seu procedimento com esperanças vás? Eu perdoo-lhe tudo, e tanto assim que o meu único desejo é que viva feliz com essa que Deus lhe destinou para esposa, e que é também um anjo de bondade. Não será a minha presença que ofusque o brilho da sua ventura. Parta; não prolongue por mais tempo este horrível martírio que me despedaça a alma e perdoe-me também algum mal que lhe tenha feito sofrer. Adeus, até à eternidade... Quando voltar a esta aldeia, já não restará de mim senão a memória.

- Não me fales assim, porque me mortificas. É efetivamente preciso separarmo-nos, porque sofro; mas, antes de partir, queria apertar-te ao meu coração. Recusar-te-ás porventura a este pedido?

- Oh! não, não! - E, dizendo isto, a pobre rapariga, sufocada pelo choro, lançou-se-lhe impetuosamente nos braços.

Fernando, não menos comovido, cobria-lhe o rosto de beijos e murmurava algumas palavras de esperança.

Durou bastante tempo este doloroso transe. Aqueles dois corpos parecia não poderem desunir-se, e não foi sem custo que, depois de muitas lágrimas e de muito adeus, Fernando se desvencilhou dos braços de Rosa, afastando-se precipitadamente.

A rapariga, mal o viu desaparecer, deu ainda alguns passos para se encaminhar para casa, mas caiu extenuada sobre o pavimento do quintal.

Fernando, ao afastar-se daqueles lugares, ia triste, com o coração alanceado, e por mais de uma vez exclamou:

- Pobre Rosa! Fui bem cruel para com ela. Para que a vi eu?... E tinha jurado pertencer-lhe... infeliz rapariga, és sacrificada aos preconceitos deste mundo!.





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