A Rosa do Adro - Cap. 17: CAPÍTULO 18 Pág. 186 / 202

se vê e colhe-me um ramo das mais lindas flores, Rosa, sem perceber a verdadeira intenção daquele pedido, obedeceu imediatamente, e, apenas desapareceu, Fernando chamou para mais perto de si seus pais e exclamou:

- Meus queridos pais: afastei por um pouco deste lugar aquele pobre anjo para não ser testemunha das minhas tristes despedidas. Não queria morrer sem lhes dar o último adeus... Os meus bons pais, sei quanto lhes há de custar a morte deste filho que tanto idolatravam; mas Deus, que é juiz supremo dos nossos destinos, assim o quer... A consolação que me resta, meus bons pais, é que sempre os respeitei e amei como autores dos meus dias e procurei sempre tornar-me digno de ambos... No entanto, se alguma falta cometi involuntariamente, perdoem-me... Agora, o que por último lhes peço é que tratem e respeitem essa pobre Rosa como minha esposa, e nada mais. Adeus, meus queridos pais, adeus, e até à eternidade, onde só nos tornaremos a encontrar.

Os pais de Fernando, a estas últimas palavras, curvaram-se sobre a cara do moribundo, e, sufocados pelo choro que lhes inundava as faces, imprimiram nela os beijos de despedida.

Os pobres velhos estavam extenuados por uma dor suprema, que só os corações dos pais experimentam nessa hora derradeira, e não sabiam responder às palavras do moribundo senão com as amargas lágrimas destiladas da dor profunda que lhes dilacerava as almas.

Fernando chamou então pela baronesa e a sua filha e dirigiu-se-lhes nestes termos:

- Senhora baronesa: nesta hora suprema em que estou prestes a deixá-la, faltaria ao dever mais sagrado se lhe não agradecesse também a amizade de mãe que sempre me consagrou e se não lhe pedisse igualmente perdão das minhas leviandades e das faltas que cometi para com a senhora.





Os capítulos deste livro