A Rosa do Adro - Cap. 17: CAPÍTULO 18 Pág. 190 / 202

de exaltadas as boas qualidades do finado, era os motivos que se teriam dado para uma tão desgraçada morte; quem teriam sido os assassinos, e que razões haveria da parte deles para a perpetração de um tal crime.

Eram muitas as versões e suposições que se aventavam; porém, todas elas caíam por falta de provas convincentes ou de coincidências atrasadas que se tivessem dado com o finado, e a única que mais parecia predominar no espírito do povo era que aquele triste sucesso não tivera por causa senão a malvadez de alguns malfeitores, que por aqueles tempos infestavam as estradas vizinhas, para se apossarem dos poucos valores que ele levava consigo.

No entanto, o segredo daquele crime continuava envolto no mais intrincado mistério, e, apesar dos esforços que a justiça da terra tinha feito, nem sequer o rasto lhe tinham encontrado.

Rosa, por um desses sublimes sentimentos de dedicação e amor para com o seu finado esposo, contra todas as praxes seguidas em tais actos, e ainda contra todas as razões que lhe apresentaram para a desviar de um tal propósito, conseguira acompanhar o corpo do marido até à última morada.

Apesar de toda a coragem e valor de que a infeliz se revestira para arrostar com aquele último transe, por mais de uma vez esteve para sucumbir no caminho, e só uma vontade de ferro, uma força poderosa que predominava em todos os seus movimentos, a animava a levar a cabo um tal intento.

Caminhava ela, pois, logo atrás do caixão, vestida de luto e debulhada em lágrimas, amparada por um dos criados da herdade, e mais de uns olhos se embaciaram de lágrimas, e mais de um rosto se cobriu de aflitiva dor ao contemplarem aquela triste cena.

Ao entrar o lúgubre cortejo na igreja, Rosa, em consequência da multidão que





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