A Rosa do Adro - Cap. 5: CAPÍTULO 5 Pág. 22 / 202

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- Rosa - prosseguiu o jovem com seriedade - , deixemo-nos de rodeios: os momentos são-nos preciosos e, antes que a tua avó venha, como da outra vez, roubar-me a preciosidade destes poucos instantes, é preciso que nos declaremos.

A jovem não respondeu; sentia-se mais que nunca alanceada por essas pulsações do coração que só experimentam aqueles que verdadeiramente amam, e, apesar dos esforços que fazia para dominar a sua angústia, via-se a pouco e pouco na impossibilidade de ocultar por mais tempo esse segredo da alma, essa paixão imensa que lhe agitava os castos seios.

Fernando, que percebera de um relance a causa daquele silêncio, pareceu ganhar novas forças, e, dando à voz a mais pronunciada expressão de ternura, continuou:

- Vamos, minha Rosa, terminemos com isto; nada de simulações; aqui, neste mesmo lugar, não há muito te declarei francamente quais eram os sentimentos do meu pobre coração; disse que te amava, que foste tu a primeira mulher que me fez estremecer de amor e que a retribuição desse afeto, da tua parte, seria para mim a suprema ventura; todas essas declarações, todos esses protestos, tos faço ainda neste momento. Rosa, por quem és, tira-me desta horrível incerteza; um único gesto, uma só palavra tua, e ficarei satisfeito; não prolongues por mais tempo o horrível martírio em que estou.

E o jovem calou-se, esperando que Rosa, vencida finalmente por aquelas palavras, lhe respondesse. Ela, porém, continuava a conservar-se muda, com a cabeça pendida para o seio, como querendo ocultar a ansiedade que se lhe patenteava em todos os gestos.

- Então - atreveu-se ainda o jovem com acento resignado - nada me respondes, Rosa? Não serei digno de uma só palavra tua?

- Sr. Fernandinho... - exclamou ela afinal, tentando ainda disfarçar a sua agitação.





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