A Rosa do Adro - Cap. 8: CAPÍTULO 8 Pág. 65 / 202

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- Ah, é verdade, agora me lembro. Pobre rapaz!... Mas, afinal, ele tinha razão. Amava-te perdidamente, tinha até talvez quase a certeza de um dia te possuir, mas num momento viu eu destruir-lhe todas as suas esperanças de felicidade... Coitado! Tenho pena dele. Depois que se convenceu de que me davas a preferência, mudou completamente: é raro vê-lo alegre, foge dos divertimentos em que se entretêm os seus companheiros, e parece até já não viver neste mundo!... Nunca mais lhe falaste?

- Temo-nos visto algumas poucas vezes. Diz-me adeus, sem encarar comigo, e depois lá segue o seu caminho com a cabeça baixa, parecendo vergar sob o peso de uma dor imensa.

- E não te condóis do seu estado?

- Na verdade às vezes mete-me dó; tenho querido falar-lhe, pedir-lhe perdão do rigor com que o tratei, dissuadi-lo de se entregar a uma dor sem lenitivo, convencê-lo que nascemos para sermos amigos, irmãos até, mas nunca esposos; porém, ele foge de mim e evita qualquer oportunidade de lhe poder falar.

- Ah, Rosa, Rosa, oxalá que a tua complacência para com ele não venha um dia desfazer as douradas esperanças do meu futuro... Essa tua amizade...

- Que loucura, Fernandinho! Pois ainda crê que o deixasse a si por ele?

- Eu creio em tudo, Rosa; vós outras, as mulheres, tendes o coração tão demasiadamente sensível, que...

- Não diga mais, Fernandinho; juro-lhe pelo que há de mais sagrado...

- Não jures, Rosa; o que eu quero é ter a certeza de que nunca me deixarás.

- Amo-o muito para que tal faça!

Continuou ainda a conversa por muito tempo, até que três badaladas, que soaram na torre da igreja, vieram pôr-lhe termo.

- Já três horas. Como o tempo se passou rápido! exclamou Rosa.

E, momentos depois, os dois amantes levantaram-se, estreitaram-se num apertado abraço e oscularam-se ardentemente.





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