A Rosa do Adro - Cap. 11: CAPÍTULO 11 Pág. 93 / 202

com uma indiferença e frieza estranháveis A que se podia também atribuir esse esvaimento de um amor que se dizia tão ardente e inextinguível?

Seria a decadência da formosura da jovem, aquele desleixo no vestuário, o desapego, enfim, de tudo o que pudesse fazer sobressair a sua beleza?

Fosse qual fosse o motivo, o que é certo é que Fernando já a não amava com aquele ardor de outrora e parecia até começar a sentir por ela um tédio que dentro em pouco redundaria provavelmente em profundo aborrecimento.

A desgraçada jovem não era indiferente a estas demonstrações, e no íntimo da sua alma começava a abrir-se uma chaga, mais tarde, talvez, de impossível cicatrização.

Não obstante, nunca soltara a mínima queixa, e pelo contrário redobrava sempre de carinhos e de cuidados para aquele cuja afeição começava a ver desaparecer como uma nuvem que o vento desfaz.

Chegara, pois, como disse, o dia em que o jovem estudante devia partir para o Porto.

Na véspera desse dia, Fernando, pelo meio da noite, fora dar o adeus de despedida à inconsolável rapariga.

Esta esperava-o já no quintal, e, ao avistá-lo, as lágrimas saltaram-lhe instantâneas dos olhos. O rapaz, pela sua parte, sentira-se também nesse momento tristemente impressionado, e foi com voz vacilante que exclamou:

- Rosa, venho despedir-me de ti: como sabes, vou amanhã para o Porto.

A rapariga lançou-se-lhe nos braços sem poder responder-lhe, tal era a comoção que a dominava.

- Vamos! - continuou ele - nada de lágrimas! Não queiras tornar mais dolorosa esta triste despedida: resigna-te e não te entregues tão cegamente a uma dor sem motivos.

- Sem motivos, Sr. Fernando?!... - aventurou Rosa.

- Sim. Pois não vês que não te deixo senão por alguns meses e que hei de voltar?

- Quem sabe!.





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