Ainda assim, Rosa era sempre encantadora, mais encantadora talvez do que nunca! Aquela tristeza que lhe ensombrava de contínuo as faces, a palidez do rosto e aquele olhar amortecido, mas de uma ternura angélica, davam-lhe um aspeto mais poético e enternecedor.
Além disso, o louro anjo das selvas já não desafiava com a sua voz os alegres cantares das aves, nem jovem algum da aldeia lhe tornara a ouvir aquelas respostas picantes, mas engraçadas.
Lá continuava a estar, como dantes, à janela, com o rosto reclinado sobre o trabalho, mas a vidraça permanecia sempre descida, como se dessa forma quisesse furtar-se às vistas importunas dos curiosos e esconder as lágrimas que a cada passo lhe caíam em fio no regaço.
Quais seriam, pois, os motivos de uma tal mudança, daquelas lágrimas e daquele abatimento físico e moral?
Ninguém o sabia. Tanto a avó de Rosa como todas as outras pessoas da aldeia, que não deixaram de ver sem espanto aquela repentina mudança, atribuíam tudo a um qualquer padecimento, mesmo porque a rapariga, quando lhe dirigiam alguma pergunta a tal respeito, respondia sempre com evasivas ou então dizia sentir-se doente sem saber a origem do mal.
O amor que consagrava a Fernando esse é que não se lhe extinguira do coração; antes pelo contrário parecia ter dobrado de ardor e violência. Já não era só amor; era uma paixão que tocava os extremos da loucura!
E Fernando? Esse também mudara bastante, mas que mudança!
Parecia ter esfriado nele bastante o amor que tanto o abrasava a princípio. Pelo menos, desde um certo tempo as entrevistas com Rosa tinham rareado bastante; tratava-a com menos carinho, e muitas vezes parecia até cansar-se com as mais pequenas exigências da pobre rapariga, olhando para as suas lágrimas