O Ingénuo - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 16 / 91

O prior fechou-lhe a boca, mostrando-lhe, na epístola de S. Jaques o Moço, estas palavras que causam tanta espécie aos heréticos: Confessei-vos uns aos outros. O hurão não objetou mais nada e confessou-se a um recoleto. Terminada a confissão, tirou o frade do confessionário, e, segurando vigorosamente o seu homem, obrigou-o a pôr-se de joelhos, dizendo-lhe:

- Vamos, meu amigo. Está escrito: Confessai-vos uns aos outros. Eu te contei os meus pecados; não sairá daqui sem que me hajas contado os teus.

Assim falando, apoiava o joelho contra o peito da parte adversária. O padre começa a soltar gritos que fazem reboar a igreja. Acodem ao barulho, vêem o catecúmeno a esmurrar o monge em nome de S. Jaques o Moço. Mas era tão grande a alegria de batizar um baixo-bretão hurão e inglês, que passaram por alto essas singularidades. Houve até muitos teólogos que pensaram não ser necessária a confissão, visto que o batismo servia para tudo.

Combinaram a data com o bispo de Saint-Malo, que lisonjeado, como era de esperar-se, por batizar um hurão, chegou em pomposa equipagem, acompanhado da sua clerezia. A senhorita de St. Yves, bendizendo a Deus, pôs o seu mais belo vestido e mandou chamar uma cabeleireira de St. Malo, para brilhar na cerimônia. O inquiridor bailio acorreu com toda a província. A igreja estava magnificamente paramentada; mas, quando chegou a hora de levar o hurão para a pia batismal, nada de hurão.

O tio e a tia o procuraram por toda parte. Julgaram que estivesse a caçar, segundo o seu costume.





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