É só o que eu sei.
O prior examinava atentamente aqueles retratos; mudou de cor, emocionou-se, as mãos tremeram-lhe.
- Por Nossa Senhora da Montanha - exclamou ele, - creio que é o meu irmão capitão e sua mulher.
A senhorita, depois de os haver examinado com igual emoção, também achou o mesmo. Estavam ambos transidos de espanto e de uma alegria mesclada de sofrimento; ambos se enterneciam; ambos choravam; palpitava-lhes o coração; soltavam gritos; arrancavam um ao outro os retratos; cada qual os tomava e devolvia vinte vezes por segundo devoravam com os olhos os retratos e o hurão; perguntavam-lhe um após outro, e os dois ao mesmo tempo, em que lugar, em que tempo, de que modo, tinham aquelas miniaturas ido parar às mãos da sua ama; comparavam as datas; lembravam-se de ter tido notícias do capitão até a sua chegada à terra dos hurões; época em que mais nada souberam a seu respeito.
Dissera-lhes o Ingénuo que não conhecera nem pai nem mãe. O prior, que era bom observador, notou que o Ingénuo tinha um pouco de barba e sabia que os hurões não a têm. "Seu queixo tem barba; o Ingénuo deve ser, portanto, filho de um europeu. Meu irmão e a minha cunhada não mais apareceram depois da expedição contra os hurões em 1669; meu sobrinho devia ser então criança de peito; a ama huronesa lhe salvou a vida e serviu-lhe de mãe". Enfim, depois de cem perguntas e cem respostas, o prior e sua irmã concluíram que o hurão era o seu próprio sobrinho.