Dizia o prior à irmã, olhando o mar: - Ah! foi aqui que embarcou o nosso pobre irmão, com a nossa querida cunhada, a senhora de Kerkabon, sua esposa, na fragata Hirondelle, em 1669, para ir servir no Canadá. Se não o tivessem matado, poderíamos ter a esperança de tornar a vê-lo.
- Acreditas - dizia a senhorita de Kerkabon - que a nossa cunhada tenha sido devorada pelos iroqueses, como nos disseram? É certo que, se não a tivessem comido, teria voltado à sua terra. Hei de chorá-la toda a vida: era uma mulher encantadora; e nosso irmão, que era bastante inteligente, teria feito uma bela fortuna.
Enquanto assim se comoviam a tais lembranças, viram entrar na baía de Rance uma pequena embarcação que chegava com a maré: eram ingleses que vinham vender alguns gêneros de seu país. Saltaram em terra, sem preocupar-se com o senhor prior nem com a senhorita sua irmã, que ficou muito chocada com a desatenção.
Não sucedeu o mesmo com um jovem de excelente compleição que, saltando por cima da cabeça de seus companheiros, veio cair de pé em frente à senhorita. Cumprimentou-a com a cabeça, pois, pelos modos, não aprendera a fazer reverência. Seu aspecto e sua indumentária atraíram os olhares do irmão e da irmã. Tinha a cabeça descoberta, as pernas nuas, longas tranças, pequenas sandálias, e um gibão que lhe modelava o talhe esbelto; e um ar ao mesmo tempo viril e bondoso. Trazia numa das mãos uma pequena garrafa de água de Barbados, e na outra uma espécie de bolsa na qual havia uma caneca e bolachas.