Tiveram imenso trabalho para o reconduzir a seus parentes. Ainda desta vez foi preciso recorrer à influência da bela St. Yves; quanto mais sentia esta o seu poder sobre ele, mais o amava. Obrigou-o a partir, com o que ficou sinceramente aflita. Afinal, depois que ele se foi, o abade que, além de irmão mais velho da senhorita de St. Yves, era também seu tutor, tomou o partido de subtrair sua pupila às solicitudes daquele terrível namorado. Foi aconselhar-se com o bailio, que, tendo sempre em vista o casamento de seu filho com a irmã do abade, alvitrou que se mandasse a pobre moça para um convento. Foi um golpe terrível: uma indiferente que fosse metida num convento haveria de pôr-se aos gritos; quanto mais uma enamorada, e tão apaixonada quanto honesta; era mesmo de desesperar.
O Ingénuo, de volta ao priorado, contou tudo, o que acontecera com a sua costumeira simplicidade. Recebeu as mesmas censuras, que lhe produziram algum efeito no espírito e nenhum nos seus sentidos. Mas, no dia seguinte, quando pretendeu voltar à casa de sua amada, para discutir com ela sobre a lei natural e a lei convencional, disse-lhe o senhor bailio, com insultuosa alegria, que a senhorita de St. Yves se achava num convento.
- Pois bem - disse ele, - irei discutir com ela nesse convento.
- Impossível - disse o bailio. E longamente lhe explicou que coisa era um convento; esclareceu que tal palavra vinha do latim conventos, que significa assembleia; e o hurão não atinava por que não poderia ser admitido numa assembleia.