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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 52

- Como o descobriste?

- Ainda não sei. Mas estes versos não me tocam nem o ouvido nem o coração.

- Oh! os versos não importam - observou Gordon.

- Para que então fazê-los? - retrucou o Ingénuo.

Depois de ter lido atentamente a peça, sem outro fim que o de sentir prazer, fitava o amigo com os olhos secos e espantados, sem saber o que dissesse. Mas, instado a dizer o que experimentara, assim respondeu:

- Do começo, nada entendo; o meio deixou-me revoltado; a última cena comoveu-me, embora me parecesse pouco verossímil; não me interessei por ninguém e não retive nem vinte versos, eu que os retenho todos, quando me agradam.

E no entanto, esta peça é considerada a melhor que nós possuímos.

- Se assim é - replicou ele, - talvez seja como muitas pessoas que não merecem o seu lugar. Afinal de contas, é uma questão de gosto; com certeza o meu ainda não está formado; pode ser que me engane; mas bem sabes que costumo dizer o que penso, ou antes, o que sinto. Nos juízos dos homens, há muito de ilusão, de moda, ou de capricho, creio eu. Falei segundo a natureza: pode ser que em mim a natureza se mostre muito imperfeita; mas também pode ser que ela seja às vezes pouco consultada pela maioria dos homens.

Pôs-se então a recitar versos de Ifigênia e, embora não declamasse bem, emprestou-lhe tanta verdade e unção, que fez chorar o velho jansenista. Em seguida leu Cinna: não chorou, mas admirou.

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Capa do livro O Ingénuo
Páginas: 91
Página atual: 52

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 14
Capítulo 4 18
Capítulo 5 22
Capítulo 6 26
Capítulo 7 30
Capítulo 8 34
Capítulo 9 37
Capítulo 10 41
Capítulo 11 47
Capítulo 12 51
Capítulo 13 53
Capítulo 14 59
Capítulo 15 62
Capítulo 16 66
Capítulo 17 69
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Capítulo 19 76
Capítulo 20 84