Um jesuíta perdeu a um bravo, outro jesuíta quer perder-me; estou cercada de armadilhas e aproxima-se o instante fatal! Devo matar-me, ou ir falar ao Rei. Eu me jogarei a seus pés quando ele passar para a missa ou para o teatro.
- Não deixarão que te aproximes dele - disse-lhe a boa amiga. - E, se tivesses a desgraça de falar, monsenhor de Louvois e o padre de La Chaise poderiam enterrar-te num convento para o resto da vida.
Enquanto a excelente criatura assim aumentava as perplexidades daquela alma em desespero e lhe afundava o punhal no coração, eis que chega um enviado do senhor de St. Pouange, com uma carta e dois belíssimos brincos. St. Yves recusou tudo, chorando, mas a amiga recebeu o presente e a carta.
Logo que o mensageiro partiu, a nossa confidente pôs-se a ler a carta, na qual são convidadas as duas amigas para uma pequena ceia, naquela mesma noite. St. Yves jura que não irá. A devota procura experimentar-lhe o par de brincos de diamante; St. Yves não o permite, e luta o dia inteiro.
Afinal, só tendo em vista o noivo, vencida, arrastada, sem saber aonde a levam, deixa-se conduzir à ceia fatal. Nada pudera fazer com que ela usasse os brincos; a confidente os levou consigo e ajustou-lhos contra a sua vontade antes que se sentassem à mesa. St. Yves estava tão confusa, tão perturbada, que se deixava atormentar; e o anfitrião tirava disso um excelente augúrio. Pelo fim da ceia, a amiga retirou-se discretamente. St. Pouange mostrou então a revogação da carta-de-prego, o certificado de uma considerável gratificação, o da concessão de uma companhia, e não poupou as mais belas promessas.