O Ingénuo assegurou que na sua terra não se convertia ninguém; que nunca um verdadeiro hurão mudara de ideias, e que na sua língua nem sequer havia um termo que significasse inconstância. Estas últimas palavras agradaram extremamente à senhorita de St. Yves.
- Nós o batizaremos, nós o batizaremos - dizia a Kerkabon ao prior; - há de caber-te essa honra, meu caro irmão; faço questão de ser sua madrinha; o senhor de St. Yves o levará à pia; será uma brilhante cerimônia, de que se falará em toda a Baixa Bretanha, o que nos trará grandes honras. Toda a companhia secundou a dona da casa; todos os convivas gritavam:
- Nós o batizaremos!
O Ingénuo respondeu que na Inglaterra deixavam a gente viver como bem quisesse. Deu a entender que a proposta não lhe agradava absolutamente, e que a lei dos hurões valia pelo menos a lei dos baixo-bretões; enfim, disse que iria embora no dia seguinte. Acabaram de esvaziar a sua garrafa de água de Barbados e foram deitar-se.
Depois que o Ingénuo se recolheu ao quarto, a senhorita de Kerkabon e sua amiga a senhorita de St. Yves não puderam deixar de espiar pelo buraco da fechadura, para ver como dormia um hurão. Viram que havia estendido a roupa do leito no soalho e que repousava na mais bela atitude do mundo.