Desejava ele que um ministro tivesse esse caráter, porque sempre notara que o bom humor é incompatível com a crueldade. Monsenhor de Louvois talvez não se agradasse dos desejos do Ingénuo: possuía outra espécie de mérito.
Mas, enquanto se achavam à mesa, a doença da infeliz assumia um caráter funesto; atacara-a uma febre devoradora; sofria, mas não se queixava, para não perturbar a alegria dos convivas.
O irmão, sabendo que ela não dormia, foi até seus aposentos; ficou surpreso com o seu estado. Todos acorreram, o noivo em primeiro lugar. Estava sem dúvida mais alarmado e comovido do que todos os outros; mas aprendera a acrescentar a discrição a todos os felizes dons que lhe prodigalizara a natureza, e começava a dominar-lhe o espírito o sentimento imediato das conveniências.
Mandaram chamar um médico da vizinhança. Era um desses que visitam os doentes a correr, que confundem a doença que acabam de ver com a que estão examinando, que exercem uma cega rotina em uma ciência à qual nem toda a madureza de um espírito são e refletido poderá tirar seus perigos e incertezas. Aumentou o mal com sua precipitação em prescrever um remédio em moda na época. Modas até na medicina! Essa mania era muito comum em Paris. A triste St. Yves ainda contribuía mais do que o médico para agravar o seu estado. A alma consumia o corpo. A multidão dos pensamentos que a agitavam vertia-lhe nas veias um veneno mais perigoso que o da febre.