O José não necessitava pedi-la ao pai na incerteza de uma recusa. Disse-lhe que ela havia de ser a sua esposa: a criança contou ao pai as palavras do amado e o Simeão:
- Ora venha de lá esse abraço, amigo e sê zé! - e apertou o futuro genro com a ternura de pai que arranja a sua filha como se quer.
Mas os pais do estudante já tinham dito ao rapaz que mudasse de rumo, que a jovem de Prazins não era forma do seu pé. A mãe, principalmente, protestava que, enquanto ela fosse viva, a tal filha da Genoveva de Prazins não havia de ser sua nora, nem que a levasse o diabo, e deus lhe perdoasse, se pecava. Justificava se dizendo que a marta era de ruim casta; que a mãe, a Genoveva, dera desgostos ao homem, pintava a manta nas romarias, andara muito falada com um frade de santo tirso, e um dia pegara a dar gritos na igreja; toda a gente disse que ela tinha o demónio no corpo, e afinal morrera doida, atirando-se ao rio ave.
E constava-lhe que o avô dela também não era escorreito, e quando já tinha sessenta anos mandara fazer uma sobrepeliz, abrira coroa, e onde houvesse um defunto lá ia com um ripanço à igreja e punha-se a cantar como os padres. A tia maria de Vilalva tinha inconsciente mente este horror moderno, científico da hereditariedade mas o que mais a impulsionava na sua resistência aos rogos do filho era ter sido má mulher e mãe de marta de má árvore, ruim fruto - era toda a sua filosofia, que se encontra diluída modernamente nas explorações fisiopsicológicas de Janet, de Maudsley e no determinismo.
O Joaquim de Vilalva, muito instado pelo filho e pelo padre Osório, o de Caldelas, prometia fazer o que a sua companheira fizesse; mas dizia-lhe a ela em particular:
- Tu aguenta-te, maria; nunca digas que sim, ouviste?
E ela:
- Deixa-me cá, homem! Vêm barrados.