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Capítulo 14: CAPÍTULO XIII

Página 127
Uma calúnia.

Avisaram a mãe do José dias da espera do pedreiro, e ela fez dormir o filho numa trapeira que não tinha janela por onde saltasse, e fechava-o de noite por fora, rogando pragas à seresma de Prazins: - que um raio a partisse e o diabo a levasse para as profundas do abismo! Depois ia rezar a coroa com os criados, e rogava a deus pelos que andavam sobre as águas do mar e pelas almas de todos os seus parentes e vizinhos, com uma intonação chorada que fazia devoção.

O José dias vivia amargurado. Tinha sido criado num grande respeito aos pais, e sentia-se inábil para lhes reagir. A doença de peito que começara a desvigorizar-lhe o como, implicava - lhe com a atonia da alma. Sentia o egoísmo indolente dos enfermos minados pela consumpção lenta. Invejava a robustez do irmão, um trabalhador forte que dormia dez horas, e ao romper da aurora ia lavar a cara ao tanque e pensar o gado com uma grande alegria, de assobios remedando as requintas das chulas. Passava muitas horas com o seu confidente, o padre Osório. Pedia-lhe conselhos - que arranjasse modo de ele poder casar com a marta.

- Que eu - dizia com desalento - não vou longe; mas queria remediar o mal que fiz. A marta escrevia-lhe para Caldelas, porque a tia maria de Vilalva, uma vez que lá viu um garoto com carta para o filho, deu sobre ele com um engaço, que por pouco o não apanha pela cabeça com os dentes do instrumento. As cartas eram desconfianças, receio do abandono, lágrimas. O pai não a mortificava. Pelo contrário, dizia-lhe a miúdo:

- Se o zé de Vilalva não casar contigo, talvez seja a tua fortuna, porque pode ser que o teu tio adregue de gostar de ti, e mais mês menos mês ele rebenta por essa porta dentro rico como um porco. O brasileiro da Rita chasca, que chegou agora, diz que ele tem quatrocentos contos fortes, para riba, que não para baixo.

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pág. 127 (Capítulo 14)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 127

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196