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Capítulo 17: CAPÍTULO XVI

Página 158

O mano lavrador não era mais apontado em melindres de honra. Assim como curara em silêncio o coração, golpeado pelas deslealdades da defunta Genoveva, do mesmo modo se acomodara com os estragos sofridos nos tegumentos da cabeça. Dizia-lhe o administrador que querelasse contra o Zeferino, porque havia testemunhas indicativas que faziam prova. Não quis. - depois é que me dão cabo do canastro; - dizia com um dom profético, e circunspeção admirável num homem sem instrução primária.

No entanto, Zeferino debatia-se num azedume de desesperado, muito má-língua, insano de paixão, a degenerar para facínora em teorias de escavacar meio mundo. Começou a superar-lhe nas entranhas o vício do pai com sedes ardentes de vinho do porto e genebra. Sentia alívios, consolações inefáveis, quando se embebedava; rejuvenescia; a vida encarava-se-lhe melhor. Arranchava com vadios nas noitadas das tavernas onde se jogava esquineta e monte. Trocava na mesa da tavolagem peças de duas caras que comprara no tempo em que amealhara dez mil cruzados com dez anos de trabalho. Os parceiros roubavam-no. Vinham de noite de Famalicão a landim, perto das lamelas, jogadores professos, armar a forquinha ao pedreiro com cartas marcadas e pego. Depois das perdas, quando se via atascado na esterqueira do jogo e da borracheira, embriagava-se de novo, e nessas alucinações ia a Prazins, de clavina ao ombro, com o Tagarro de monte Córdova, e falava alto, com petulância, paira que marta o ouvisse. O brasileiro e o Simeão tinham-lhe medo e não abriam as janelas depois do sol posto.

Espalhou-se então a notícia de que o brasileiro ia efetivamente casar com a sobrinha. O Zeferino escreveu ao Feliciano uma carta anónima, que era um traslado aumentado do depoimento do pedreiro que vira o José dias saltar da janela.

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pág. 158 (Capítulo 17)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 158

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196