O mano lavrador não era mais apontado em melindres de honra. Assim como curara em silêncio o coração, golpeado pelas deslealdades da defunta Genoveva, do mesmo modo se acomodara com os estragos sofridos nos tegumentos da cabeça. Dizia-lhe o administrador que querelasse contra o Zeferino, porque havia testemunhas indicativas que faziam prova. Não quis. - depois é que me dão cabo do canastro; - dizia com um dom profético, e circunspeção admirável num homem sem instrução primária.
No entanto, Zeferino debatia-se num azedume de desesperado, muito má-língua, insano de paixão, a degenerar para facínora em teorias de escavacar meio mundo. Começou a superar-lhe nas entranhas o vício do pai com sedes ardentes de vinho do porto e genebra. Sentia alívios, consolações inefáveis, quando se embebedava; rejuvenescia; a vida encarava-se-lhe melhor. Arranchava com vadios nas noitadas das tavernas onde se jogava esquineta e monte. Trocava na mesa da tavolagem peças de duas caras que comprara no tempo em que amealhara dez mil cruzados com dez anos de trabalho. Os parceiros roubavam-no. Vinham de noite de Famalicão a landim, perto das lamelas, jogadores professos, armar a forquinha ao pedreiro com cartas marcadas e pego. Depois das perdas, quando se via atascado na esterqueira do jogo e da borracheira, embriagava-se de novo, e nessas alucinações ia a Prazins, de clavina ao ombro, com o Tagarro de monte Córdova, e falava alto, com petulância, paira que marta o ouvisse. O brasileiro e o Simeão tinham-lhe medo e não abriam as janelas depois do sol posto.
Espalhou-se então a notícia de que o brasileiro ia efetivamente casar com a sobrinha. O Zeferino escreveu ao Feliciano uma carta anónima, que era um traslado aumentado do depoimento do pedreiro que vira o José dias saltar da janela.