E por fim ameaçava-o: - que, se casasse com a marta, não a havia de gozar muito tempo. O Feliciano mostrou a carta ao irmão. Concordaram que era o pedreiro com a sua paixão, danado de raiva. O brasileiro entrou a pensar que o celerado era capaz de levar a vingança ao cabo - bater-lhe, matá-lo. Os tiros desfechados à sua honra de marido de marta resvalavam-lhe na couraça da consciência: “eu sei o que faço”, dizia ele; mas a ideia de um tiro ao seu físico, inquietava-o deveras. “É preciso dar cabo deste ladrão”, dizia o brasileiro ao mano, num grande mistério.
Lembrou-lhe o seu compadre, o francisco melro da pena, um taverneiro de olhos estrábicos, de alcunha o alma negra, um que o tinha avisado, quando a malta da patuleia tencionava agarrá-lo. O melro rompera relações com o Zeferino, por causa da partilha de uns dinheiros apanhados na mala do correio de Guimarães, e dizia hiperbolicamente ao seu compadre que o Zeferino, quando andara na patuleia, era ladrão como rato.
O melro era má bisca. Estivera três anos na relação como cúmplice num homicídio que se fizera na sua tasca. Vivia apertadamente com mulher e quatro filhos, e não cessava de pedir empréstimos ao compadre desde que o avisara. Quando o Simeão foi espancado, o melro logo lhe disse era segredo que quem lhe batera fora o Zeferino, com as costas guardadas par dois pimpões do monte Córdova. E acrescentou: - ele bem sabe a quem as faz. Havia de ser comigo ou com pessoa que me doesse...
O Feliciano deu um passeio para os lados da pena, onde morava o compadre. Disse-lhe que ia ver a quinta da comenda que se vendia; que lha fosse mostrar. Conversaram; e, no regresso, pararam em frente de uma casa com três janelas e um quintal espaçoso.
- É aqui - disse o melro.
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