Foi então que o padre assentou as suas Teonas um pouco flutuantes acerca das vantagens da castidade em benefício das impurezas alheias.
O Feliciano, quando o cirurgião chegou à tarde, contou-lhe com pouco recato de pudicícia conjugal as circunstâncias, particularidades ocasionadas no “fanico da sua esposa”, dizia ele. O facultativo, um velho patusco, disse que não se admirava, porque a Sra. D. Marta era muito nervosa, imperfeita ainda na sua organização, e que as impressões desconhecidas e um pouco violentas nas constituições fracas produziam extraordinárias perturbações; mas que não se assustasse, que não era nada; que as segundas naturezas se faziam com o hábito.
- Banhos de mar - aconselhava - bife na grelha e vinho do porto, quanto mais choco melhor. O que se quer cá fora é um rapaz; não há como um filho para fortalecer a compleição de uma mulher débil; um filho, quando sai do ventre da mãe, traz consigo para fora os maus nervos, e acabam os chiliques. Ande-me com um rapagão para a frente!
Na ausência de D. Teresa, a melancolia de marta cerrava-se de dia para dia. O governo da casa era-lhe de todo indiferente, como se fosse hóspede. O marido não a compelia a interessar-se nesses arranjos de que, dizia o Simeão, ela nunca quisera saber em Prazins. O barão do rabaçal mandara-lhe do porto cozinheira e governanta. Marta saía raras vezes de uma saleta onde tinha um oratório que trouxera de casa. Confessava-se mensalmente a frei roque, o irmão da sua mestra, e professor do de Vilalva, e demorava-se no confessionário com perguntas desvairadas a respeito da alma de José dias, porque dizia ela ao padre-mestre que o via muitas vezes em corpo e alma, e até o ouvia falar e lhe sentia as mãos no seu corpo. O frade, sem revelar o sigilo da confissão, dizia à irmã que a marta dava em doida como a mãe.