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Capítulo 19: CAPÍTULO XVIII

Página 181
Aqueles dizeres, alinhavados pelo varatojano, são extratos e imitações das escandecências eróticas do poema dramático da Sulamita no “cântico dos cânticos” - os trechos mais liricamente sensuais da antiguidade hebraica. Eles deram o tom de todas as exaltações nevróticas, desde os êxtases histéricos de teresa de jesus até às alucinações da beata maria alacoque e da portuguesa madre maria do céu, a cantora dos passarinhos de vilar de frades. Desta peçonha doce, elanguescente, vibrátil e enervante, cheia de meiguices epidérmicas de um corpo nu em frouxéis de arminhos, é que se fizeram uns manuais modernos em frança por onde as adolescentes começam a conversar com jesus e a compreendê-lo em linhas corretas, sob plásticas macias, a esperá-lo, a desejá-lo, como lho figuram com todas as pulsações, redondezas e flexibilidades da carne.

Marta, entre o deus incompreensível e o cristo-homem, via um ser tangível, o seu único termo de comparação - o José dias, esposo da sua alma e dominador dos seus nervos reacendidos e abraseados pela saudade. Nas apóstrofes a jesus, palpitavam-lhe nítidas as curvas do amante que a ouvia de entre as nuvens, numa clareira azul, com a sua lividez marmórea e os anéis dos cabelos louros esparsos como nas cabeças dos querubins. Tinha aquele namoro no céu quando abria a página do livro com que o confessor lhe dissera que havia de exorcizar as tentações voluptuosas da sua alma e do seu corpo.

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pág. 181 (Capítulo 19)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 181

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196