- Vitória! - exclamou o exorcista - vitória!
E, mostrando ao brasileiro una página do livro: ouça lá, Sr. Feliciano: o sinal mais certo de que o demónio obedeceu e se retirou de todo é o que a sagrada escritura nos expõe no capitulo IX de S. Marcos: - deixar a criatura por terra algum tempo como morta. Isto se viu no endemoninhado surdo e mudo que cristo nosso bem curou, e do qual diz o texto: et jactus est sicut mortuus. Depois, com júbilo, limpando o suor:
- Podem levá-la, deitem-na, ponham-lhe as relíquias todas debaixo do travesseiro.
Os dois não podiam facilmente levantá-la; na rigidez, como empedernida do corno, parecia colada ao pavimento. O brasileiro pedia ao exorcista que a amparasse por um dos braços; mas o frade, artista austero, respondeu que lhe era defeso pôr as mãos nas possessas. E, de feito, Carlos baucio, na arte do exorcista, legisla: que os exorcistas não ponham as mãos fisicamente sobre a criatura principalmente sendo mulher (propter periculum), pois que as mulheres nem com o sinal-da-cruz se devem tocar - mulieres nec signo crucis sunt tangendae.
Marta passara a noite muito agitada, febril, com delírio; dava risadinhas muito argentinas, falava no José Alves; sacudia a roupa com frenesi, e, quando emergia do torpor, sentava-se no leito a olhar para o tio, com uma fixidez repelente. Feliciano não se deitara, e de madrugada disse ao irmão que fosse chamar o médico, que a marta estava com um febrão; e que levasse o diabo o frade para as profundezas do inferno e mais os exorcismos.
Já quando era dia, o brasileiro foi descansar um pouco na cama de D. Teresa, porque receava que se lhe pegasse a febre da mulher. Às nove horas, a governanta foi acordá-lo, muito alvoraçada, para lhe dizer que a Sra.