Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: CONCLUSÃO

Página 201

P.S. - com os subsídios ministrados pelo cura de Caldelas compus esta narrativa, espraiando-me por acessórios do duvidoso bom senso, cuja responsabilidade declino dos ombros daquele discreto sacerdote. Tudo que neste livro tem bafio de velhas chalaças, ironias e sátiras é meu; e, se alguém por isso me arguir de pouco respeitador do vício e da tolice, retiro tudo.

Se o meu condescendente informador me permite, ouso dizer-lhe - para nos esquivarmos ambos às insídias da crítica portuguesa - que a demência de marta não é extremamente original nem o meu romance uma singularidade incontroversa. O que, sem disputa, é original, é duvidar eu de que o sou.

Num conto de Charles Nodier, autor remoto que se perde no crepúsculo da literatura arqueológica, há uma Lídia que endoideceu quando o marido, um barqueiro de limpo nascimento e generosa índole, pereceu num incêndio salvando três crianças e a sua mãe.

Lídia enlouquece e pensa que o seu esposo está no céu de dia e a visita de noite. Ela, desde o repontar da aurora, sai ao jardim, e colhe flores para o brindar quando ele desce do azul com asas de penas de ouro. Ao cabo de seis anos deste sonhar delicioso, a ditosa doída, quando andava a recolher as flores diletas para o bouquet das núpcias com o anjo de cada noite, sentou-se em dulcíssima sonolência e expirou.

As analogias de lídia e marta frisam pela visão dominante na demência de ambas - uma espécie de ressurreição do amado. No que elas diversificam essencialmente é que uma sonhou seis anos e a outra vai no trigésimo sétimo da sua demência; lídia sonhou absorvida na sua ideal aliança com um celícola, um bem-aventurado com asas de ouro; marta quando imerge alucinada no seu letargo, é a paixão leal ao amado sempre vivo na terra e no seu coração.

<< Página Anterior

pág. 201 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 201

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196