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Capítulo 5: CAPÍTULO IV

Página 43
O bacharel nunca ouvira coisa assim, nem se lembrava de ter achado nos romances uma razão tão filosófica e concludente da justiça com que a mãe pode aborrecer os filhos.

- Sentia vontade de me ajoelhar diante dela! - dizia Adolfo à irmã. - que formosura e que talento, Andresa! O mana, eu viajei cinco anos, vi as mulheres mais encantadoras da europa, estive no pardo, no bois de Boulogne, no hyde-park, e nunca vi mulher que tanto me penetrasse os íntimos seios de alma! Nunca, por estranha fatalidade, nunca! Como é que eu sinto aos vinte e oito anos as palpitações de um coração que nasce? Que faísca de amor é esta que me lavra um incêndio devastador das alegrias de alma que ainda ontem me doiravam a existência?

Era o estilo hidrópico de Arlincourt; mas é de crer que exprimisse garrafalmente a singela e natural comoção que lhe fez a gentileza, a poesia elegíaca, a majestade inflexa daquela mulher a quem a desgraça dera uma crítica moderna e revolucionária na religião das mães.

D. Andresa, escandalizada, cortava-lhe os voadoiros perguntando-lhe se a separação judicial poderia dar meios de subsistência a Honorata. O bacharel, muito abstrato, parecia esquecido do código. O estado da sua alma não lhe consentia folhear a infame prosa com mão jurisperita.

Que havia de estudar a questão; mas que lhe parecia que ela, requerendo o divórcio, apenas tinha alimentos por não ter trazido nada ao casal. - estas frases eram mastigadas com um tédio, um engulho, como se, depois de declamar uma contemplação de Lamartine, tivesse de recitar dois parágrafos da lei da enfiteuse.

D. Andresa era senhora ajuizada, muito séria, educada no convento de vairão; tinha missa em casa, e escrevia cartas a diversas freiras, pondo sempre no alto do papel: jesus, maria, José.

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 43

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196