Andava nos trinta e cinco anos, muito linfática e um grande horror aos vícios da carne. O mano Adolfo conhecia-lhe a índole. Não podia esperar dela aplauso, nem sequer condescendência, e muito menos auxílio à sua afeição a mulher casada. Andresa concordava com o irmão na formosura de Honorata; mas observava com um risinho malicioso que o não chamara para saber se a sua amiga era bonita ou feia; mas sim para aconselhá-la e dirigi-la na separação do marido por justiça.
O Dr. Adolfo absteve-se de entusiasmos, e pôs-se a estudar a questão, em conferências com o bento Cardoso, de Guimarães, e o torres e almeida, o rasqueja de braga, dois chavões. Mas o que ele queria era corar as delongas nos pombais, ganhar tempo, a salvo das suspeitas da mana e do seu capelão, um realista finório que sabia da poda, e trazia a pedra no sapato, dizia, cacarejando uma risada velhaca - e conhecia até onde podia chegar a fragilidade de um homem sem sólidos princípios de religião, estragado por essas nações.
D. Andresa andava assustada, porque o mano nem ia para Amarante nem dava começo ao processo. A Honorata aparecia-lhe radiosa, com um grande esmero no trajar, vestidos fora da moda, mas elegantes, ricos, de mangas perdidas, com uns decotes que punham nos olhos do capelão luzernas esquisitas, escrúpulos. Adolfo era discreto na presença da mana. Contava as suas viagens, durante a emigração, citava nomes de literatos desconhecidos à fidalga, seus amigos íntimos em paris; ai! Paris! - exclamava. - Se eu então me passaria pela mente que havia de vir de Paris para Amarante!
- Ele porta-se muito sério - dizia D. Andresa ao padre rocha. - ela é que me parece mais levantada, muito azevieira, não acha?
- Acho, acho... - confirmava o capelão. - daqui rebenta coisa, minha senhora; rebenta, v.