Já sei pois o que você deseja. Quer saber se esta marta está no caso de merecer a consagração romântica que Bernardim de Saint-Pierre usurpou às dores verdadeiras, para coroar de uma eterna auréola a sua fantástica virgínia.
- Não vou tão longe - respondi com a modéstia genial dos escritores que imortalizam. - a brasileira de Prazins não pode contar com o seu imortalizador em mim, nem me parece bastante fecundo o assunto. Sei que temos um namoro de uma menina com um estudante, o estudante morre e a menina casa com um sujeito que tem quinze quintas. Se não há mais do que isto...
O cura interrompeu:
- Vejo que sabe quem é marta; mas não a conhece bem. Virgínia e Francesca e Julieta não são mais dignas de piedade nem de romance. Parece-me que o amor que enlouquece e permite que se abram intercadências de luz no espírito para que a saudade rebrilhe na escuridão da demência é incomparavelmente mais funesto que o amor fulminante, o que é vulgar é morrer logo ou esquecer quinze dias depois. Quando eu tinha uma irmã que lia novelas, à custa de lhas ouvir analisar com um entusiasmo digno de melhor emprego, achei-me envolvido na literatura de sue, de Soulié e de Balzac, a ponto de fazer presente do meu santo Afonso maria de Ligório e da minha teologia moral de Pizelli a um padre bom e atinado que me profetizou que a minha irmã havia de morrer doida, a pensar nas patacoadas das novelas. Ela não morreu doida; mas pensava em romancear a história de marta, porque dizia ela que, tendo lido trezentos volumes de novelas, não encontrara caso imitante. - e, dando-me o bilhete de marta: - este quarto de papel é o exórdio de uma agonia original.
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Como a exposição do reitor saiu muito enfeitada de joias sentimentais - detestável espécie