Vestiu-o, e dava-lhe meios para ele poder estudar em vila real, com advogados miguelistas, que o estimavam muito.
A velha passava os dias a chorar entre o retrato do defunto major e o do Sr. D. Miguel das iluminações, que se parecia muito com o sobrinho.
No inverno de 1840, D. Águeda morreu de uma indigestão de castanhas, complicada com enterite crónica e saudades da realeza. Deixou ao sobrinho a casa, as vinhas muito delapidadas; e o retrato do Sr. D. Miguel às freiras de santa clara de vila real e mais dez moedas de ouro com a condição de lhe acenderem quatro velas de cera no dia dos anos da sua majestade.
Veríssimo viveu então largamente. Fez-se chefe de partido nas redondezas de Alvações do corgo, onde era conhecido pelo capitão veríssimo. Deitou cavalo e mochila; jogou rijo dois anos na feira de santo António, em vila real, e perdeu tudo. O nunes, que já solicitava causas na póvoa, repartia com ele dos seus proventos muito escassos, porque o juiz e os escrivães faziam-lhe guerra implacável, e as partes fugiam dele.
O veríssimo saiu de Alvações, onde não possuía palmo de terra; e, como tinha boa forma de letra, ofereceu-se para amanuense a um tabelião de Alijó. Ganhava três tostões por dia e jantar. Como era boa figura, a mulher do tabelião, uma trigueira de má casta, entrou a compará-lo com o marido, que tinha os dentes muito lurados e os olhos tortos. Mas o tabelião viu as coisas pelo direito, e pôs o amanuense na rua, e a mulher em lençóis de vinho, dizia-
se. Veríssimo conhecia o capitão-mor de murça, o campos, uni hebreu realista, muito abastado. Ofereceu-se-me para escudeiro e foi aceite com bom ordenado. O capitão-mor era viúvo; mas tinha uma governanta fresca, de uma fome de pecado irritada pela indiferença judaica do amo em matéria de religião.