Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE

Página 102
Venha.

O clarão interior mostrou a Frazão e Torto o seu companheiro, que levava pelo braço o raptor de Ricardina. Exclamava Norberto:

- Rapazes, vinde cá! Aqui está o homem!

Os dois criados, pensando que Norberto lhes pedia socorro para o prenderem, entraram, de clavinas aperradas, dispostos a cumprir as secretas ordens do patrão; mas, apenas deram o primeiro passo dentro da capela. Norberto bateu o cão dos dois canos com o intervalo necessário para duas pontarias. O Torto caiu de borco, ao mesmo tempo que o cérebro lhe espirrava à face do outro, que se mantinha em pé cambaleando. Fez ainda fogo Frazão. Norberto expediu um rugido, e cresceu sobre o moribundo, cortando-lhe as veias jugulares a golpes de punhal.

- Foram-se! - disse Norberto, ligeiramente agitado.

- Estou ferido! - disse Bernardo.

- Aonde?

- Neste ombro direito.

- Não há de ser nada. Pode saltar o muro?

- Talvez possa.

- Se não puder, vai às minhas costas.

Atravessaram o vasto pátio. Os restantes salteadores tinham corrido a defender as saídas do outro lado. Ninguém os viu. Chegados à parede, Norberto perguntou a Bernardo:

- Sabe ir de aqui para casa da minha mãe?

- Sei.

- Vá de rastos, se for preciso, para que o não vejam. Vossa Senhoria está perdido, se o abade sabe que ficou vivo. A Sr.ª D. Ricardina há de sabê-lo, e mais ninguém. Fuja por esse mundo fora, senão a Justiça agarra-o. Olhe que eu tinha ordem de o matar, e vou dizer que o vi morto. Se o Sr. Doutor não estivesse ferido, ia já por a fora até Espanha; mas é preciso curar-se; e a Justiça vai dar com o senhor em casa do Diabo. Bata à porta da minha mãe, que há de estar a pé, e diga-lhe que o esconda, que eu amanhã, assim que puder, lá vou ver essa ferida.

Dobrou-se Norberto rente com a parede.

<< Página Anterior

pág. 102 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 102

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177