Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE

Página 113

Norberto olhou para o abade, e baixou os olhos coriscantes que podiam atraiçoá-lo.

- Quando quer Vossa Senhoria que eu parta?

- Já, almoça e vai. Monta no macho ruço, que é mais andador.

Norberto recebeu as últimas ordens e partiu para Viseu. Andada uma légua, encontrou os milicianos, cujo alferes lhe perguntou donde era.

- De Espinho - disse ele - , sou criado do Sr. Abade.

- A casa da Fonte é perto de lá?

- Muito perto. Os senhores, ainda que eu seja confiado, vão prender o Bernardo Moniz?

- Que lhe importa a você?!

- É que se vão a isso, escusam de ir, que ele foi morto a tiro esta noite.

- Por quem?

- Lá por uns homens.

- E o Francisco estará lá?

- Também morreu.

- E o padre que também era estudante?

- Desse ouvi dizer que fugiu.

- A diligência há de cumprir-se até voltarmos com a certeza do que este homem conta - disse o meirinho-geral ao alferes.

- Passem muito bem - concluiu Norberto. Chegou a Viseu. Pôs o macho na manjedoura, comprou unguentos num a botica, e por atalhos da serra foi a casa da sua mãe. Era meio-dia. Bernardo Moniz estava sentado na enxerga da velha, que lhe lavava o ferimento: era superficial, bom de cicatrizar sem intervenção cirúrgica.

Norberto, depois de exordiar incutindo ânimo no seu amigo, contou-lhe o restante da tragédia, quanto ao irmão assassinado. De Ricardina disse-lhe que não pudera saber nada. Referiu-lhe o encontro que tivera com a tropa, e terminou deste modo:

- A ferida não presta. Vossa Senhoria esta noite faz jornada, e vai para Espanha. Tenho às minhas ordens o macho em que o patrão me mandou a Coimbra saber onde está a fidalga, porque a quer mandar para a Casa da Estopa. Logo que o Sr. Doutor esteja em Espanha, volto para casa, e digo ao abade que ninguém me deu notícias da senhora.

<< Página Anterior

pág. 113 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 113

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177