Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE

Página 114
Depois, mando recado à fidalga, e digo-lhe que se prepare que a vou levar ao Sr., Doutor. Vou à cavalariça, aparelho dois machos, e por aqui me sirvo. Logo que chegarmos à raia, mando os machos ao dono, e boas-noites... Lá vou para onde Vossas Senhorias forem.

Bernardo, no apogeu da comoção, beijou as barbas grisalhas de Norberto, e quase caiu de joelhos à frente do incansável valedor, que tantas vezes torcera e partira o grilhão de ferro que o chumbava à sepultura.

Ao cerrar da noite, Norberto voltou a Viseu, apossou-se do macho e voltou a lugar indicado na estrada de Moimenta. Era nado o Sol quando chegaram a Moreirinhas, e ao cair da noite estavam na Praça de Almeida. De madrugada, Bernardo passou a fronteira, e Norberto voltou a Viseu. Chegado à abadia, saiu-lhe ao encontro o padre, exclamando:

- Perdeste o tempo: não podias saber nada.

- Nada, meu amo.

- Ela, a perdida, estava em casa dos Pimenteis...

- Como assim? - acudiu sinceramente espantado o Calvo.

- É o que te digo: de casa dos Monizes passou para a dos padres do Sobral, e de lá para a Reboliça.

- E agora?

- Já os mandei avisar que lá vou buscá-la pelas orelhas, e que se preparem para uma festa como a dos Monizes.

- Oh! cos diabos! que franciscanada! - exclamou o criado, revolvendo no espírito os recursos do seu tão afortunado engenho.

- Quando é a pega? - perguntou ele.

- Ainda não sei: estou a ver o que os Pimenteis fazem de hoje até amanhã. Se ma entregarem, vai de ali debaixo de prisão, com um oficial de Justiça, para o Porto; senão, vamos a eles, que chegou a hora de saldar contas. A eles! - concitou Norberto, esfregando os joelhos.

- Esta gentalha de brasão e sem brasão há de afinal saber quem são Botelhos de Queirós - bradou o padre.

<< Página Anterior

pág. 114 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 114

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177