Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 3: CAPÍTULO III – REAÇÕES

Página 13
Freira, segundo o instituto, é que eu a quero. Esposa fiel do Espírito Santo. Convento austero e pobre. A riqueza das ordens monásticas é regalo de corpos e fermento de vícios... Hei de pensar ainda a este respeito. Não sei para onde irá.

- E para além do mais freira pobre! - disse D. Clementina. - O teu meio termo é violento, Leonardo! Antes Deus ma leve.

- Deus que a leve, se quiser. Por enquanto o que eu quero está dito e há de cumprir-se... Nada de lástimas, Clementina! Que queres tu? Justificas o amor da tua filha ao pintor?

- Não, mas...

- Queres ser avó dos netos do Silvestre da Fonte?

- Mas, meu Deus! - exclamou D. Clementina - nós não sabemos ainda em que ideias está a nossa filha. Esperemos que ela pense e mude de sentimentos.

- Pois sim, esperemos. Isto não vai de afogadilho. Tem trinta dias para pensar e repensar. Em todo o caso, a questão reduz-se a uma de duas: casar com o primo Carlos, ou ser freira. Uma observação: daqui até que ela se resolva, nesta casa não entra pessoa estranha. Hei de ter boas espias... Carta que eu apanhe, entra em buchas no corpo de quem a cá mandar.

- Quem há de cá mandar cartas?! - acudiu a senhora. - O Bernardo está em Coimbra...

- Está de volta para casa. Já começaram os actos. Não me faças reflexões, que eu sei sempre o que digo e porque o digo.

Retirou-se D. Clementina para poder chorar desabafadamente. Ao mesmo tempo, Norberto Calvo, sumindo-se a coberto das ramagens das faias, baixou-se a segar serradela no ervaçal.

- Estás aí, Norberto? - disse o abade à entrada do túnel.

- Saberá vossa senhoria que sim, senhor. Cheguei agora.

- Vem cá. Tenho que te dizer.

Abeirou-se o criado.

- Toma tento, homem. Não me saias do passai por este mês mais chegado, entendes?

- Sim, senhor.

<< Página Anterior

pág. 13 (Capítulo 3)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 13

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177