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Capítulo 24: CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO

Página 148
.. Pois Vossa Excelência não veio do Brasil com o seu filho?

- Sim, minha senhora.

- Então onde conheceu minha mãe?

- Na casa do seu pai e na do marido.

- Quando? Eu nunca a vi.

- Decerto nunca me viu. Vossa Excelência nasceu depois.

- Mas quem é, minha senhora! Pelo divino amor de Deus, tire-me depressa desta ansiedade.

- Eu preciso também sair dela... preciso abraçá-la preciso apertar ao seio a filha de... A minha irmã Eugénia.

E, dizendo, tirou-a para si com veemente impulso, e beijou-a sofregamente, exclamando:

- Matilde, eu sou sua tia Ricardina!

A viscondessa deixava-se abraçar, sem compreender as palavras, todavia claríssimas. Ouvira, porém, dizer Ricardina; e desde muito que a sua mãe, miúdas vezes, lhe contara que uma infeliz irmã, que tivera, tinha morrido no Brasil, porque nunca mais chegaram notícias dela.

Ricardina e Brasil foram reminiscências que lhe iluminaram a confusão e perplexidade do espírito. Estas combinações formou-as instantaneamente; e, bem que as expressões naturalmente lhe faltassem, o espasmo em que permanecia nos braços de Ricardina inculcava dúvida, ou talvez incredulidade. Como quer que fosse, aquele silêncio letárgico poderia a mãe de Alexandre, e, pior ainda, a fugitiva amante de Bernardo Moniz, interpretá-lo como antojo e desprazer de tal encontro. Ferida da injusta suspeita. D. Ricardina, súbito esfriada do calor impetuoso do júbilo ou da saudade, disse:

- Perdoe ao meu coração este desafogo. A Sr.ª Viscondessa não há de envergonhar-se de encontrar a irmã da sua mãe, a mulher condenada a não ter mais família que um filho.

Matilde, desapressada já do seu assombro, retomou para o seio a retraída senhora, e exclamou:

- É minha tia Ricardina? É? Alexandre é meu primo? Santo Deus! Desperte-me deste sonho.

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pág. 148 (Capítulo 24)

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Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 148

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177