Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 24: CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO

Página 149
.. Diga-me que é a irmã da minha mãe, que tanto se lembrou no fim da vida da sua desgraçada Ricardina.

- Se o seu pai aqui estivesse...

- O meu pai? Diga-me o nome do meu pai... - atalhou a viscondessa.

A filha de Clementina sorriu da dúvida de Matilde, e disse:

- O seu pai era meu primo, Luís Pimentel.

- Ah! - clamou a viscondessa como esclarecida por outro raio de luz - seu filho é também Pimentel.

- Pois, se ele é meu filho... - disse com maviosas lágrimas Ricardina.

- Ó Virgem do Céu! que alegria! que medo eu tenho de estar delirando! - exclamava a viscondessa, pondo as mãos, comprimindo a cabeça, dando grandes passos no abafado tapete.

A irmã de Eugénia, de novo abraçada na sobrinha, dizia-lhe que Deus lhe reservara para tarde as compensações das grandes saudades, que a torturaram vinte e dois anos.

- Eu soube, há muito tempo, que a minha irmã vivia - prosseguiu a mãe de Alexandre - , sabia, e não pude dizer-lhe: “Minha irmã, não me procures, não me respondas; mas sabe que eu ainda vivo, e estou aqui tão perto de ti...”

- E porque não lho disse, minha tia?!

- Porquê?... Eu lho direi, quando for tempo...

- Diga-mo já - suplicou a sobrinha.

- Pois sim... digo-lhe somente o que é indispensável dizer-se... porque o pai do meu filho... morreu... morreu infamado...

Os soluços embargaram-lhe a voz.

- Não me conte essa desgraça, que a minha mãe tudo me contou - disse Matilde.

- Morreu infamado... - disse vigorosamente Ricardina - mas penou inocente; porque o pai do meu filho não matou os lentes. Não os matou, minha sobrinha, juro-lho pela vida do meu Alexandre; mas teria sido enforcado se o seu avô e o meu pai o não mandassem matar. Deus perdoe ao homem sanguinário!... E perdoai-me vós, Senhor, se já o julgastes no Vosso divino juízo.

<< Página Anterior

pág. 149 (Capítulo 24)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 149

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177