Primos! Quando toda a gente sabia que a mãe do escritor era inquilina dumas águas-furtadas na Rua dos Calafates, e ele um tal Pimentel, que não sabia dizer quem houvesse sido seu pai.
Os jovens de espírito, provado em trinta anos de remoques e chanças, perguntavam se o maçudo discreteador de concílios e senatus-consultos obrigaria a esposa a digerir preleções de direito suevo, e os cânones de S. Frutuoso e de S. Martinho de Dume. Outros contavam que a viscondessa, ao oitavo dia de noiva, como sentisse sair da câmara conjugal o marido por noite alta, saíra depós ele, abrasada em ciúmes, e o encontrara em cuecas e robe de chambre, folheando o De statu imperii germanici, de Pufendorf. Até certo ponto a zombeteira sátira feria o alvo, porque Alexandre Pimentel continuava a estudar, e a esposa desejava inclinar-se sobre o rebordo gradeado da sua mesa de escrita, e ali se mantinha horas a vê-lo escrever, entremeando-lhe gracejos que o faziam rir dos doutos varões que o tinham enchido de sabedoria e de pó.