Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 27: CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA

Página 167

- Morreu?

- Há vinte e quatro anos.

- É uma maravilha! Se tal rosto não tivesse existido, geria ainda um primor de beleza artística. Era português, o pintor?

- Era português.

- Viverá ainda?

- Morreu.

- Quanto eu daria por encontrar artista que retratasse com este esmero a minha mãe e a minha mulher! Vossa Senhoria faz-me a fineza de consentir que Matilde veja este retrato?

- Pois não!

- Hoje mesmo lho restituo. Prometo-lhe que há de ser curto quanto possa ser o tempo da saudade.

- Quando Vossa Excelência quiser. Eu tenho-a no coração.

- Até logo.

Alexandre chegou a casa. Matilde estava tocando piano.

D. Ricardina, sentada num a poltrona, escutava a música triste de Bellini, com os olhos na sobrinha e o coração nos dias dos seus 18 anos. Entrou Alexandre na saleta. A viscondessa levantou-se a beijá-lo, e ele foi beijar a mão da sua mãe. Depois sentou-se, e disse com a mais cómica seriedade:

- Matilde, amei-te muito, e julguei que te amaria sempre, por me parecer que não encontraria mulher mais bela do que és. Achei-a fatalmente. Rompeu-se o encanto. Tudo isto se desfaz em fumo como os paços lindos da amorosa D. Branca do Garrett. Acabou o teu domínio. Não vou resgatar o império sarraceno como o príncipe árabe do poema; mas vou-me aos braços de mais formosa Armida. Para justificação minha, perante Céu, Terra e Inferno, e principalmente perante ti, minha infeliz esposa, aqui tens o retrato da tua vencedora rival!

Matilde, rindo às gargalhadas da declamação do marido, pegou na medalha, olhou-a, e exclamou:

- Realmente é formosa! Isso é! Que mulher é esta?!

D. Ricardina, que também rira muito, disse lá da sua cadeira:

- Mais formosa do que tu, Matilde?

- Não há comparação, minha tia.

<< Página Anterior

pág. 167 (Capítulo 27)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 167

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177